Perdi alguém; um entre milhões. Por que, meu Deus? Não sei, não sei! Por que, meu Deus? Não sei, não
sei! Perdi alguém; um entre milhões. Ele caminha pelas ruas junto das
pessoas; todos sem rostos, todos indistinguíveis, todos fugitivos. Fogem de
quê? Não sei, não sei! Mas... eu
perdi alguém; eu sei, eu sei! Em meus
parcos momentos de lucidez, nos parcos momentos de sanidade, respiro profundo (sem ar, sem ar!) com meus pulmões
perfurados. Arranho minhas costas, balanço nervoso; rolo no chão, e pisco sem
parar. Choro compulsivamente... e fumo cigarros; muitos cigarros! Bebo sem ter
fim (a vida é um bar!); histórias cruzadas que não hão de terminar (bem).
Não há esperança? Não se esqueça de acreditar! Se não há
esperança, não há razão para nada; se não há esperança, não vale a luta. Dobro
o número de cigarros, de doses e doses de bebidas amargas; fujo da realidade.
Não me permito viver acordado. Por que,
meu Deus? Não sei, não sei! Perdi alguém; um entre milhões. Escapou-me
pelos dedos; escorreu-me pelas roupas, evaporou-se pelos ares. Por que, meu Deus? Não sei, não sei!
Como se todo ar fosse expirado de ti, de supetão. Como um
tiro, em que o calor, pouco a pouco, se esvai. E tudo se faz silêncio. As
últimas palpitações são as mais fortes, as que exalam mais sangue – quente,
vermelho... vivo. A lágrima que escorre seca e se perde entre o ar. A faca que
corta profundo, e toca nos ossos. Lentamente rasga, de cabo a rabo, até
finalizar seu trabalho, permitindo que a agonia tome conta da minha
consciência. Em minhas mãos, um cigarro, o último amigo, dizem. Uma taça de
vinho e meus olhos que, com o tempo, se tornaram opacos. E o ardor que outrora
transpareceu findou-se. Para sempre?,
me pergunta Giulia. Não sei, não sei!
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